BIOGRAFIA
por Emmanoel Rocha Carvalho
(Extraído do livro "NOS CAMINHOS DO VIGÁRIO JOSÉ ANTÔNIO" , História da Paraíba, 256 pgs, Emmanoel Rocha Carvalho 2006, Editora Universitária (UFPb).
NOTA: As imagens não fazem parte da publicação original do livro supracitado.
Trineto do vigário [*veja nota de rodapé], o artista plástico Bruno Steinbach Silva nasceu no dia 27 de agosto de 1958, na cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil. Filho de pai paraibano (o médico Isaías Silva, falecido em 1994) e de mãe baiana (Mariêta Steinbach Silva, falecida em 1965).
Dedicou-se logo cedo à pintura, como autodidata. Em 1976 realizou sua primeira exposição de pintura, na Galeria Pedro Américo, da Universidade Federal da Paraíba (João Pessoa-PB). Em 1977 ganha o prêmio de melhor pintura na Coletiva Universitária de Artes Plásticas da Paraíba, no Museu de Arte Moderna de Campina Grande-PB. No mesmo ano, ingressa no curso de Licenciatura Plena em Letras e, posteriormente, no de Bacharelado em Filosofia Plena, ambos na UFPB.
Em 1978 realiza sua primeira exposição individual na Reitoria da UFPB, com desenhos e gravuras onde a temática social era um claro protesto contra o regime militar da época. Casa-se com Glória Jane Lessa Feitosa, com quem teve uma filha,
Juliana Lessa Steinbach (27 anos, pianista clássica, residente em Paris – França). Abandona a Universidade e dedica-se integralmente à pintura. Participa de várias exposições coletivas e Festivais de Arte pelo Brasil.
Em 1981 vai viver com Rosanna Chaves, com quem teve dois filhos: Daniel Chaves Steinbach Silva (22 anos, aluno do curso de Comunicação Social na UFPB) e Bruna Chaves Steinbach Silva (18 anos, aluna do curso de Comunicação Social na UFPB).
Em 1987 conhece Alaíde Maria Fernandes Fonseca (Lala), já falecida, com quem passa a viver maritalmente.
Em 1988 uma tragédia terrível interrompe a sua carreira artística e marca definitivamente sua vida: envolvido em uma briga de bar, na praia de Tambaú, em João Pessoa-Pb, Bruno acaba matando os dois homens com quem brigara, o que o leva a ser condenado a 28 anos de reclusão. Mas continuou se dedicando com muita luta e perseverança à sua pintura. Na cadeia, montou um ateliê onde pintava seus quadros e ministrava cursos para outros apenados.
Em 1992, conhece Franciclare Henrique Bronzeado (France), que passou a comercializar as suas obras e com quem montou uma galeria de arte – Steinbach Galeria de Arte, no Center 3, em Manaíra, João Pessoa-Pb. Não foi um mar de rosas nesse período… Mas, apaixonados, os dois vão morar juntos em Mossoró, Rio Grande do Norte, para onde Bruno conseguiu ser transferido com um regime mais brando, em semiliberdade. Lá, já em regime de liberdade condicional, realizou uma exposição individual de grande repercussão no meio sócio-cultural do Rio Grande do Norte, a Mostra
“Nômades Amantes do Tempo” (Pinturas Eróticas), que inaugurou a Galeria de Arte do Museu Municipal de Mossoró.
As matérias positivas publicadas nos jornais, quase que diariamente, levaram-no a ser convidado para expor as obras na Capitania das Artes, Fundação Cultural da Prefeitura de Natal. De lá, expôs em Salvador-BA e, finalmente, com a anistia recebida por decreto presidencial, retorna a João Pessoa, totalmente livre, em 2000. Era o fim de um tempo de romance e de atribulações onde até retratos em sepulturas tivera que executar, para enfrentar as dificuldades financeiras impostas pela situação de apenado.
Em 2001, France viaja para os Estados Unidos. Bruno não consegue ir (eram muitas as dificuldades depois do “11 de setembro” – 11.09.2001, data da destruição das torres gêmeas do World Trade Center, em Nova Yorque, pelos terroristas de Osama bin Laden – principalmente para um ex-presidiário).
O casal se separa após os 9 anos de aventura em comum.*
Em 2002, pinta o retrato do Presidente Epitácio Pessoa, obra inaugurada em sessão solene no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, onde foi instalada. Bruno é convidado a ocupar a tribuna da Casa, onde faz um discurso sobre a vida de Epitácio Pessoa e é aplaudido de pé pelos presentes.No mesmo ano, pinta o retrato do Deput ado José Mariz, para o Plenário do qual é o Patrono. Em 2004, incentivado por outra companheira sua, Lena, e pelos irmãos e amigos, Bruno realiza a exposição retrospectiva “Steinbach 30 anos de Pintura” , com cerca de 50 obras, do primeiro quadro a óleo à atualidade, no Casarão 34, Centro Cultural de João Pessoa. Um sucesso!
Em junho de 2006 é convidado a participar da Exposição Coletiva de Pintura
“Artistas Brasileiros 2006”, mostra organizada pelo Senado Federal, objetivando catalogar e expor os artistas (pintores) mais expressivos da atualidade em seus respectivos Estados. Bruno foi representando a Paraíba. A exposição foi no Salão Negro do Congresso Nacional, com abertura presidida pelo Presidente do Senado, Renan Calheiros, em solenidade muito prestigiada pela sociedade em geral e pelo corpo diplomático sediado no Distrito Federal. Esse evento abriu-lhe novos horizontes profissionais,tanto no Brasil como no exterior.
Especialista na pintura a óleo/tela, Bruno é um artista estilisticamente nômade, percorrendo todos os lugares que a sua imaginação criadora permite, sempre buscando o aperfeiçoamento e criando novas técnicas, mostrando a beleza do seu requinte profissional, seja nos retratos ou nos quadros sensuais, nas paisagens ou nas naturezas mortas. Seu nome é citado em livros e há inúmeras reportagens sobre sua vida em revistas e jornais do Brasil. Hoje reside em João Pessoa-Pb, onde possui ateliê de pintura e continua vivendo unicamente de sua arte, que mostra regularmente em viagens pelo Brasil.
*José Antônio Marques da Silva Guimarães, deputado provincial por quatro mandatos e vigário da cidade de Sousa,sertão da Paraíba, por quarenta e oito anos, de 1837 a 1885, que, sem abdicar de suas funções sacerdotais, desposou Maria da Conceição Gomes Mariz, em 1838, de cuja união nasceram catorze filhos e uma destacada, diversificada e numerosa descendência na Paraíba e no Rio Grande do Norte (entre eles os governadores João Agripino Maia, Tarcísio Maia, Antônio Marques da Silva Mariz e José Agripino Maia, os deputados José Mariz, Gervásio Maia, os historiadores Celso Mariz e Wilson Seixas, Octávio Mariz – líder da revolução de 1930 na cidade de Sousa como líder radical do Jornal de Sousa, o compositor e cantor José Ramalho Neto – Zé Ramalho), agregando membros das famílias Rocha, Garrido, Sá, Meira de Vasconcelos, Melo, Rangel, Aragão, Pordeus, Rodrigues Seixas e Formiga. Sua vida não apenas marcou época. Ele soube fazer época e obteve da comunidade a aprovação aos seus atos. Se não cumpria fielmente os preceitos da Igreja Católica, no que diz respeito ao celibato, cumpria exemplarmente os demais compromissos, com aguçada inteligência, coragem inabalável e elevada capacidade de trabalho, tudo empregado na defesa do seu extenso domínio paroquial. Por isso era respeitado, ouvido e aclamado, como homem desassombrado, que chegava a levar a mulher e os filhos para as mais concorridas cerimônias religiosas. Conhecido como o vigário casado de Sousa, padre José Antônio exerceu quatro mandatos como deputado provincial, foi fundador e sustentáculo do Partido Liberal em Sousa e primeiro prefeito da cidade, além de presidente da Assembleia Provincial e, nessas circunstâncias, presidente provisório da província.
Isso é que é “escrever certo por linhas tortas”.